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Desde os graves acontecimentos decorrentes da crise socioclimática e ambiental – que colocou o Rio Grande do Sul na liderança da lista das maiores catástrofes causadas por chuvas no Brasil nos últimos 10 anos em número de atingidos, conforme levantamento feito pela Metrópoles com base no Sistema Integrado de Informações sobre Desastre (S2iD) –, nós, estudantes e professoras/es do curso de Ciências Sociais/UFSM, temos buscado contribuir com a compreensão desses fenômenos e pensar ações e formas de prevenção. Entendemos os impactos e os desafios que se seguem no contexto do regime climático atual, que, influenciado pela exploração desenfreada dos recursos da natureza pelos seres humanos e pelas grandes empresas, justificada pela lógica do progresso, sinaliza eventos meteorológicos cada vez mais intensos e frequentes. Episódios de chuvas prolongadas e de volumes abundantes que ocorriam uma vez a cada década, agora são presenciados de maneira mais recorrente, como podemos observar nos últimos dois anos – com destaque para a catástrofe experienciada no estado. Além disso, os impactos desses eventos são sentidos, especialmente, pelos grupos sociais mais vulneráveis e que menos têm capacidade de se proteger por conta própria.

Lembramos que 29 de abril de 2024 ficou marcado pelo primeiro alerta vermelho de volume elevado de chuva no estado e o dia posterior pelo registro das cinco vítimas fatais da catástrofe. Em Santa Maria, o 1º de Maio, dia dos/as trabalhadores/as, também foi sinalado pelos primeiros dois óbitos. A situação extrema convocou o “espírito” solidário e exigiu a mobilização em massa de diversos agentes sociais. Individualmente, muitos de nós das Ciências Sociais da UFSM nos colocamos voluntariamente à disposição do outro e da sociedade a fim de tentar amenizar os efeitos causados pelas inundações e deslizamentos. A partir de algumas inquietações vivenciadas na própria prática voluntária, como, por exemplo, os problemas estruturais na forma de circulação das informações sobre demandas e locais de atendimento, entendemos que era necessário nos articular enquanto cientistas sociais para promover um levantamento mais imersivo dos coletivos que estavam – e estão – prestando assistência à comunidade através do trabalho solidário, sobretudo de espaços comunitários que atendem diretamente a população de regiões mais afetadas.

Foi então que no dia 8 de maio nos reunimos e dali saímos com dois grupos: um dedicado ao levantamento da situação acadêmica na UFSM e mapeamento das regiões atingidas, levando em consideração aspectos sociais do perfil da população; e outro responsável pelas visitas, conversas e aplicação de questionários a fim de sistematizar as informações dos coletivos e espaços de assistência. É assim que surge o projeto de extensão “Crise Socioclimática: Santa Maria em rede”: dos inconformismos com as situações de vulnerabilidade social (em situações de emergência).

No primeiro momento realizamos uma sondagem inicial que nos proporcionou um material informativo e descritivo relevante. Com isso, resolvemos produzir o instrumento para organizar e centralizar estes dados, tendo por premissa a publicização para a população de Santa Maria e região. Atualmente, através da utilização da rede, recursos e parcerias, nos esforçamos em oferecer apoio através de informações atualizadas dos coletivos e seus locais de atendimento à comunidade. O nosso trabalho consiste na realização de levantamentos acerca das demandas materiais e simbólicas e demandas gerais imediatas das associações e entidades comunitárias, movimentos sociais, instituições religiosas, sindicatos, CTG’s e poder público. Consideramos tais informações essenciais não somente àqueles/as que enfrentam as consequências de tais eventos climáticos, mas também aos que experienciam situações de vulnerabilidade social em seus cotidianos, seja com chuva ou sem chuva. Sendo assim, nosso objetivo é oferecer suporte através da capacitação com informações e redes sociais que nos propomos a construir visando um funcionamento hábil para o enfrentamento de contextos de crise. Nesse sentido, atuamos na construção de um “catálogo solidário” que tem por fim causar um impacto significativo na recuperação à médio e longo prazo ao entregar um canal de referência e de orientação para o poder público e demais interessados em contribuir.

Destacamos que o nosso site está em processo permanente de construção, visto que se pretende abranger não somente iniciativas solidárias que já existem, mas também aquelas que vão surgindo. Compreendemos a importância desse canal contínuo para ser um espaço digital de difusão das ações solidárias que não começaram com a questão do desastre socioclimático, mas que já vinham sendo realizadas cotidianamente em diversas comunidades de Santa Maria. O site está colocado à disposição de uma construção coletiva, abrindo um ambiente de diálogo com a população de Santa Maria, seja para verificação ou contribuição das informações e suas atualizações. Além disso, é possível acompanhar as atividades do projeto pelo perfil do Instagram @santamaria_emrede.

Junte-se a nós para a construção desse trabalho! Seja através do voluntariado, da solidariedade, da divulgação ou nos encaminhando informações sobre sua atividade local e de outros coletivos. O seu apoio pode, hoje e no futuro, contribuir com a ampliação do nosso alcance e a fornecer assistência significativa às pessoas afetadas por crises socioambientais em nossa cidade e região!

Entre em contato conosco pelo endereço de e-mail santamariaemrede@gmail.com, pelo Instagram @santamaria_emrede ou pelo WhatsApp (55) 99217-0550 (Dionas)/(54) 99615-5666 (Luiza).